segunda-feira, janeiro 30, 2012

Plantando chuvas...




É quase certo que ele saiba o sentimento que me povoa a pele. Sinto isso quando olho sempre para os lados e posso sentir a sua respiração perto. Respiração de quem ama, mas não vem.

O dia me chamou para uma conversa séria e eu chorei. Sabia que as lágrimas não cessariam enquanto os pedaços cortados em atitudes não fossem rejuntados. Me fiz rio e mais que um simples choro, tornei-me um vendaval incontrolado de dor. Uma dor quase insuportável que me fez vários fragmentos de vontades e decepção.

Eu me inundo. E faz tempo que não me banho nessas águas de dores porque tenho aprendido a domesticá-las e mantê-las longe onde não causem danos... tenho aprendido a ler a lua, a entender as marés e a soltar o barco à sua própria sorte. Mas viver é esse risco de embate e de contradições.  

E hoje, essencialmente hoje, rios sufocam a minha pele e escorrem pelas ruas onde tudo o que leio é o que falta nesse mar. Tenho em mim que a respiração ofegante dele a qualquer momento vai me pedir para ficar e eu vou continuar plantando as chuvas de uma alegria quase impar de se ver.

Não vou fotografar meu riso quanto tantas vezes fotografei a dor. Que a minha alegria de ventos seja para sempre guardada nas fendas das montanhas longe de todo olhar que me afaste dele. Tenho em mim a ausência da alegria e parece que o tempo não vai parar por causa disso.

Abro os braços enquanto solto a direção na estrada. Nem sou anjo, nem piloto ventanias, mas o que tenho isso espero, a minha voz em protesto e o meu amor como casaco de pele.

Eu espero, plantando as chuvas como quem calça chinelos. 

- Deixo para ele as "reticências de Deus".

5 comentários:

ReveR disse...

Fotografar o riso seria eternizar momentos bons, sempre quando olhamos nossa imagens vemos marcas do que nos fez mal, mas quando olhamos no fundo dos olhos e vemos a alma essa sim é essencial para construção de nosso ser, e que esse seja pleno e feliz mesmo no meio de tantas dores...fotografe o AMOR sempre Dira, porque amor sem dor não é amor.

Dira disse...

Deixo a fotografia para a tatoo na pele, Nilton, isso fica eternizado na alma. O olho conta de nós, a alma as vezes confunde. Bom que a dor se transforma em verbo...

rubens disse...

amor não rima com dor.

Anjo disse...

Gosto das reticências...elas permitem que o final não chegue...e assim a vida continua...como numa montanha russa...ás vezes colocando medos em em outras apenas deixando um frio na barriga....cada fase tem sua sentença...escolha a sua!

Dira disse...

que te falta Anjo? Comeram seus dedos... ou tragaram sua alma... quem te deixou assim, raso? Ouse, se jogue, chegue junto, se permita. diga aquilo q a sua alma teima em gritar. Tens noção da falta em mim?