sábado, julho 06, 2013

Choveu e não dancei na chuva



estou muito triste. e de pouco vão me adiantar as frases de efeito que geralmente se diz nessas horas para tentar levantar o outro. eu conheço todas. palavras, notas musicais, letras, poesia, músicas. não me cite nenhuma, também não me chame para sair que a própria rua me espreme contra o muro, contra o céu. estou farta de ausências e nem sei se há de se compreender isso. não se consegue entender a tristeza do outro. o homem é uma caixa de pandora.

eu bem queria escrever poesia. misturar as palavras e tecer paredes onde o vento passa direto e provoca frio. eu sofro de ausências quase incontroláveis que me seca em alguns dias. Como hoje. a poesia tranca os dedos, cruza as pernas e faz pouco da minha tristeza. mas na verdade, para que ordenar as palavras para dançar para a multidão? tudo passa tão rápido. o elogio é vazio quando não está junto ao coração. eu tenho espinhos. um monte deles cravados em mim. cada um com uma história para contar.

o mundo é mau. as pessoas superficializam tudo. o culto ao corpo conta. sabe aquele moço? sei que a palavra toca a língua dele e ele canta. sei que a alma dele é azul e ele chora quando ninguém, vê. mas ele precisa dela. a moça bonita que de tão bela, nem consegue dizer nada, o que ele precisava ouvir. mas ele está bem na fotografia na parede. e isso lhe basta.

o sábado é um dia de casa. e por isso ele dói como uma faca de ponta pra cima. a casa é grande e isso aumenta a falta.

em mim, as palavras estão desencontradas como se estivessem na rua, com cartazes em branco. elas não dizem nada. nem eu digo. mas queria.