segunda-feira, junho 23, 2014

que sua língua
seja
o azul
que me comove
a pele em brasa.
"Tem gente que tem cheiro de rosa, de avelã,
Tem o perfume doce de toda manhã
Você tem tudo, você tem muito..."

Eu nunca acredito quando as pessoas saem por ai fazendo declarações apressadas. Mas gosto quando as pessoas constroem sentimentos como quem constrói uma casa sem muito dinheiro, aos poucos... dia a dia se emocionando com cada descoberta. É como acompanhar um filho desde o seu nascimento até já podendo andar sozinho...

É, tem gente que chega de repente e basta para que tudo mude. Assim... em um clique. E quando se pensa que nem tão cedo a chuva tocaria em mar todo o nosso pensamento... lá vem a urgência das tempestades e cava o que nem existia mais e se estabelece na pele como um novo óleo que umedece a pele e a alma...

que seja chuva o tanto que eu desejo
que seja o desejo
a chuva que me canta
porque em mim
toda morte é vida anunciada de outras almas...
manifesto

dos cheiros
o que não
senti
o da tua pele
que todos os convites 
comi.

DV
a alma em largura
não margeia
minhas lonjuras

tudo que em mim
é tão vasto... 

saudade pasto pensamento

amor imenso
cavalo livre
em baias fechadas.

porque
em mim
a língua solta
é estrada molhada
palavra que mastigo
entre teus dentes.

DV.
castigo


não é o beijo que se acumula na boca. 

é a língua que se aquece na palavra que chama
e manda embora. 

de todas as dores

a que não senti
foi a palavra dita
verbo
em lua derretida nos olhos
dessa madrugada

há de se fazer
chuva
quando tua poesia
me lavar de ti. 


Dira Vieira
Algumas fomes não existem no dicionário dos afetos. Se muito der, traduzimos no braille das ausências. 

Tua falta 
é um alfabeto
de ausências que
ardem na pele.