terça-feira, junho 14, 2016
segunda-feira, maio 02, 2016
Beijo
Para C.
Ele arde em minha boca como pimenta doce. Arde a alma. Arde a saudade, arde a vontade de tocá-lo: pele, olhos, língua de mil palavras. Silêncio que me faz gritar quando a sua boca toca a minha alma.
Ele arde em mim como pimenta de cheiro e incendeia a sala, e o quarto. Tem um cheiro de bebê que me provoca maternidades e incesto. O meu amor, tem o cheiro de quem nunca volta e mãos que me contornam o hálito de chocolate quente.
Ele é quente. Um calor de esperas e expectativas até quando diz que não volta.
Ele mora em mim mesmo quando insiste em voar fora. Porque todas as vezes que o decifrei ele mudou a rota. E todas as vezes que o comi, ele era paisagem morta na minha boca.
O meu amor é porta e rio e abismo onde eu me tranco por fora e me afogo de ausências.
Dira
terça-feira, abril 26, 2016
Silêncio, já é madrugada
Ele nem percebeu, mas o meu olhar deu duas voltas na praça e chorou. Chorei rios de lembranças e todas as horas que ele chegou atrasado. Chorei os rios represados de todas as dores que ele me fez passar. Chorei da saudade que sentiria e do ódio de deixá-lo ir sem resistir. Nunca me deixei ir. Era pra ficar porque gente me cansava ao extremo. Deixei o anjo ir e isso...isso eu nunca me perdoarei ter voado o mais longe que pude dele...
domingo, abril 24, 2016
sexta-feira, abril 01, 2016
Capitão
dos olhos
de janela
aberta
da boca
sua
língua
solta
nas palavras
os beijos
que te darei
um dia.
Dira Vieira
sexta-feira, março 11, 2016
Fuligem
o batom
é a saudade
escorrendo por excesso
desejo antigo
língua afiada
na tua índole
eu que sei
das dores que pinto na cara
e no gole em seco
das decepções diárias
eu que sei...
Devoção
o que tens é a mim
pele sobre pele
em uma anatomia
úmida
o que eu sou:
a tua boca criando linhas
e abismos
onde nem sempre é castigo e dor...
Dira Vieira
pelos teus dedos
deixo que me venças
sem impedir
quando inadvertidamente
mergulhas mundo a dentro
do meu vestido
Dira Vieira