Para Sérgio, com afeto e com ternura
não sei se vida se
restringe ao que se pode tocar. a palavra, a quem devoto louvor, sempre me toca
quando o longe é o que temos de tátil para respirar. sua imagem na tela, tem um
vocabulário tátil, a voz do silêncio que se acomoda no desejo que o outro chegue
longe (vai, voa logo que os campos te esperam, úmidos). o olhar que inspira, a fé que empurra e o verbo, se derramando na pele,
como ruído de uma mensagem que talvez não fira, mas alimenta, como pássaro sedento de fios para pousar, encontra o braço estendido, estação de descanso e alívios...
tenho os medos alados. as asas abertas e o desejo roçando a
pele com profunda sede de viver... e o outro, estalado do lado de lá como papel
de parede de uma imagem multifocal assume em mim o ímã de festa: os corpos são
apenas detalhes quando tudo conspira para a linguagem da pele... falo do verbo
e do sorriso farto. falo do toque e da sintonia, respiração ofegante quando
qualquer palavra toca o dentro e conjuga o verbo em todas as terminações...
era azul a tua pele quando me tocou na comunhão dos corpos
em comum. e nem era dia de festa mas de acaso simples onde as almas se marcam
sem se sentirem já que nem é preciso trocas, nem pagamento antecipado de coisa
alguma. só entregamos o que nos derrama... e isso, a minha pele molha ante o teu aceno...
a vida é simples assim.
uma troca de afetos e de cores que justificam as interações
sociais...
prefiro dizer que a minha alma se acende à tua... e que isso
tinha hora e tempo para acontecer...
há uma noite e um silêncio de frases, quando a palavra nos
constrói e desconstrói e continuamos isentos de culpas. ou absolutos em saber
que somos a bio, sem necessidade de tradução ou de categorias e famílias...
o que é da mata é ser livre...
e o que é livre se derrete na pele... assim como
você...açúcar que se mistura aos líquidos da pele... simples, como correntes d'água
e de pensamentos.
porque em mim, és 100% água corrente e semitons de liberdade...