sexta-feira, agosto 17, 2012
domingo, agosto 12, 2012
sábado, agosto 11, 2012
Eu não sei dançar, anjo
"...e tudo o que posso te dar é solidão com vista pro mar..."
não queria mais esperar que a noite chegasse. queria-o
imediatamente, pois a sua espera se tornara uma dor quase insuportável de
sentir. sentia falta de falar menos e olhá-lo com todos os seus olhos de
quereres muito, de quereres tudo.
[quando o viu com aqueles olhos cobertos pela barba farta,
Madalena era a menina apaixonada e o moço inatingível de se ver... ela esperaria
a eternidade por ele...]
sentia-se colada nele, dentro dele, mas dentro sozinha... não
queria ser o anjo dele mas tocá-lo em suas asas, como uma fêmea aflita de
desejos que incendiavam os seus passos e pensamentos.
madalena carrega fomes e as suas garras afiadas, são delicadas o suficiente para respeitar o tempo dele. mas esperar o que não vem dói como um punhal que se crava no peito, sem que ninguém ouse arrancar...
madalena carrega fomes e as suas garras afiadas, são delicadas o suficiente para respeitar o tempo dele. mas esperar o que não vem dói como um punhal que se crava no peito, sem que ninguém ouse arrancar...
nunca foi de jogos, de simulações e nem de armações.
madalena é o fogo aceso em tempo integral... ela mesma se acende e se apaga,
porque não sobrevive à indiferença e à humilhação e quando se abandona, até que tenta morrer... mas sempre acredito que nasça todos os dias e idas.
o tempo dele era um tempo de nunca. e quanto mais madalena o
desejava, mas a sua alma se unia a dele inutilmente, porque o corpo dela era a
ironia do desejo que se reparte em faces e o olha lascivamente como quem cobiça
a fruta mais doce, a mais pura...
[em alguns momentos, madalena o ama como quem faz uma oração de desespero... pedindo a Deus a liberdade de amar tão intensamente que a isola do mundo e mergulha em lágrimas...]
[em alguns momentos, madalena o ama como quem faz uma oração de desespero... pedindo a Deus a liberdade de amar tão intensamente que a isola do mundo e mergulha em lágrimas...]
não era tão inocente o que sentia por ele... pele e pêlos
que se mudavam de lugar toda vez que mencionava o seu nome... pele e pêlos que
se traduziam em rubores toda vez que sozinha, tentava expulsá-lo de sua mente,
mas o que sentia era a pele acender e a sua mente se mudava para o corpo dele,
base segura, onde os seus braços necessitavam morrer.
enquanto o anjo se vai, madalena se deixa desenhar em outra
nuvem... mas quando a noite cai e ele acena de seus voos sempre e sempre
solitários, madalena é dor que sangra e lateja... e implora uma volta que não é atendida nunca...
madalena é idiota. as vezes eu a odeio. aliás, a odeio
sempre. não existem anjos. porque a falta de materialização cansa de nunca
reproduzir o próprio gozo.
madalena é idiota. as vezes eu a odeio. aliás, a odeio
sempre, porque sempre mergulha onde o chão é areia movediça e o onde o
sofrimento se vê de longe.
no dia de hoje eu desejaria a morte para madalena e um asilo
para mim, porque amar sozinha é como morrer sangrando gota a gota... até a morte fingir tapete vermelho e fingir te alegrar...
Dira
terça-feira, agosto 07, 2012
O AMOR É MERGULHO NO
INCERTO
Desconfio dos relacionamentos de baixo envolvimento. A ideia
de "desapego" ainda não me convenceu.
Desapego-me de objetos, de
coisas, de produtos da mão do homem, mas nunca de pessoas. Ao contrário,
costumo mergulhar nelas como alternativa contra o isolamento e a morte de mim
mesma. Eu mergulho no outro, em uma tentativa desesperada de sobreviver.
Preciso de pessoas, preciso dar e receber afeto. Sou feita
de sorrisos, de paixões, de riscos. A minha pele se molda no desconhecido, se
adapta ao calor e colo que me afaga. Não dou à mínima aos rituais sociais. As
obrigações de ser e ter amigos. Eu me moldo ao afeto que me cativa, que me
seduz, que me ganha quando isso não tem nenhuma implicação de deveres e de
favores.
Se eu digo que amo, estou dizendo eu preciso de você e não
necessariamente que essa declaração tenha uma conotação sexual, amorosa, ou
outro qualquer rótulo que se queira supor em uma tentativa de categorizar os
sentimentos.
Sim. Nunca consigo sair ilesa das minhas relações humanas.
Há sempre o conflito. O amar demais, o medo do outro, o estranho, o
estrangeiro, o exótico, o que não se entende. Mas principalmente, me ressinto
de mergulhar sozinha, ou muito bem acompanhada e de lá, sair aos pedaços, ou
quase sem fôlego porque o outro, não suportou a profundidade e subiu para
respirar.
Quando alguém me diz que não crer no amor após cativar de
mim todas as declarações de apego mais profundas me agride profundamente.
Porque nunca confundo educação com amor. Eu sei bem a diferença de ser educado
e de ser encantado. Se eu fosse me apaixonar, ou mergulhar em todos que me são
educados, seria uma catástrofe. Toleramos a todos, amamos os que nos cativam.
Não vou ser hipócrita de dizer que amo a todos, mas mergulho onde o mar é
convite ao encantamento. A minha alma se molda onde o afeto é pele e onde a
pele salta em contato com o olhar do outro.
Eu não cuido dos outros, eu amo. Eu não sou mãe de meus
filhos, nem dos meus netos, nem dos amigos, nem
dos amores...sou mãe de minha fome do outro. É no outro onde me
alimento, como vampiro que depende da sedução e do sangue fresco.
Nunca saio impunemente de minhas relações pessoais...sempre
saio dolorida, sempre machuco, sempre sou machucada. Porque todo mergulho me
leva por inteira e eu não consigo viver nas superfícies das amizades
comportadinhas, superficiais e carregadas de segundas intenções. Não desejo o
que é do outro, mas desejo sempre e
sempre o outro por completo dentro de mim. Não há outra forma de ser
amigo... por isso que me classifico o
tempo inteiro como um ET, um ser completamente fora de mim.
Toda relação humana ou animal, leva de mim apenas o tudo, e
quando ela acaba, me deixa assim, como se eu não tivesse mais casa, ou como se
o outro, tivesse levado de mim o que nunca foi meu, o amor que de mim se doa e
se perde nessa troca da imensidão do outro.
Eu amo, louca e desesperadamente assim... e isso me será
imputado para a morte como quem se culpa de ser humana, demasiadamente humana,
ou extraterrestre.
Dira
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