quarta-feira, novembro 28, 2012

Lua Cheia





toca a minha boca
em lua
enquanto te construo
palavras
ritos
mordidas

o que é de mim
é verbo
desejo formado
embebido em teu hálito

porque o que é meu
nem vai
nem fica

colore a língua
acalma a partida


e chamusca
a pele lambida
em fases.

quinta-feira, novembro 22, 2012

Grito




porque o abraço
tem a dimensão
da distância

e a minha boca
a tua ausência

porque a palavra
desenha palco
quando o teu nome

engasga no peito.

Dira Vieira

domingo, novembro 11, 2012


Sussurro

troco as minhas pernas
pelas tuas
carícias de almodóvar
por baixo da mesa

e
a língua
(incansável discurso no ouvido)

é a palavra que veste
a minha pele de Braille.

Dira Vieira

quinta-feira, novembro 08, 2012




Paisagem

O pulso ainda toca
e o peito se enche da última hora
o que é eternidade se espalha e se mistura no ar

o que tem de mim
marca o narciso na alma



(e uma dor se mistura com o que sou)

o que sobra
desenha na aurora uma boca ávida

de lágrimas 

(o que sou tem em tua boca a tradução dos abismos)

tenho de mim todas as sedes de ti
e um dia nublado pra mastigar 

silenciosamente

como quem toca o outro lado
de todos os contrários.

(Dira Vieira)