segunda-feira, maio 05, 2014


recital em preto e branco

(Para a letra que antecede o ritual da fala)


minha
saudade é tanta
tanta
e do que eu seria
tem a alma nas mãos
como se meu coração
fosse dedos
a tocar em mim
uma música nova composta por teus dentes em minha pele.

eu esperei a tua voz
como uma promessa
e chuva
molhando os planos
descritos em cenas e vários atos
era azul o batom
que me desenhou
arco iris
no teu globo ocular
de todas as cores
eu desenhei
o teu cabelo em minhas mãos
e era fumaça o sentimento
líquido que sonhavas
porque todo amor
é fútil
quando se acovarda das horas
e da verdade
porque o que sobrou em mim
é roteiro de
um recital de dúvidas
me sacode entranhas
e segredos
do teu nome em alfabeto grego
intenso
a me produzir sangue novo
em epidemia.
(DV)

2 comentários:

Helena disse...

Que recanto mais lindo! Entrei aqui nem sei por quais portas, mas quando entrei, apesar de sentir uma certa dor no ar, mesmo assim fiquei vagueando pelos cantos, esmiuçando tudo e deixando que o olhar se encantasse com o visto e o coração se enternecesse junto do olhar... Num determinado texto tu dizes; "eu bem queria escrever poesia", e fiquei a pensar que realmente tu não 'escreve' poesia, tu a vives!
Fiquei simplesmente encantada com teu espaço e pretendo voltar.
Por ora, fica com um sorriso e uma estrela no meu carinho,
Helena

Dira disse...

Helena; seja sempre bem vinda. Vi teu comentário no email e não o achei aqui. Que coisa linda de se ler. Obrigada pela leitura carinhosa... volte outras vezes...

Dira