FRUTA MADURA
Imagem de Célio Diniz
Como água para chocolate assim o amor se derrama onde
encontra afago e proteção. É assim que Madalena se derrama sobre a paisagem,
abrindo o mote sobre as nuvens e nomeando as palavras compassadamente uma a uma
sobre o que sente... o que é meu é teu, e o que é teu tem a tradução do meu
olhar sobre o infinito e o teu olhar perdido que grita quando eu nem sei o que
fazer. Entrelaçados nos marcamos nessas linhas no olhar que se molda na
simplicidade do estar junto quando a noite se cala
.
Não é preciso muito para dizer o quanto sou o dentro e no
entorno...
... e por mais que me esquive e voe... e por mais que
resista e nomeie as fotografias, serás sempre a minha melhor imagem tatuada na
boca, hálito que descreve o teu gosto.
Porque tudo o que há em mim tem a sua mão moldando o meu
sonho... e por mais que voe longe, a porta se fecha em contrário e me atrai no
casulo para bem perto de ti. Os sonhos eu nem herdo, traço-os a mão como quem
muda o mundo.
E se isso é o que me resta dessa vida... adorno a vontade
e fico quietinha traduzindo a voz cortada, a vontade sufocada e o amor imenso
que trago por ti.
Como água para o chocolate o teu afeto é desejo derramado
sobre a boca salivando a esperança... enquanto formos antigos... e, assim, no
querer, sempre haverá quem traduza que o simples ganhará o mundo e salvará a
própria pele...
Fruta madura é a saudade... e o que vai ficar é o que
ganhamos da vida... afeto que se derrama em tua pele morna, fruta madura ainda
no pé.
Porque o amor tem sete chaves e o que me abre tem o
formato da sua boca... quando o dia se enfada das 24 horas e pede o descanso do
merecido sonho...
Não é o dom que me move... é amor que me desenha em
sementes e pétalas.
[... porque em mim o que grita é o que me calas... e o
que imploro é tempestade sobre nós até que essa fome acabe e esse silêncio nos
salve...]
Dira Vieira
3 comentários:
... e de fato, no ato, sonhos se misturam com realidades cruas como aspargos cozidos no vapor que mastigamos, ora para sentir o sabor, ora para apreciar a sensação da comida se lançando contra dentes, línguas e saliva, ora só pelo hábito de digerirmos qualquer coisa que nos põem na boca. Que o amor se faça não em verbos no infinitivo, mas em gerúndios que nos dão a sensação de continuidade e não de estagnação. E, para além de qualquer ato e fato, que saibas se despir das peles que não te couberem mais e renasça cobra exuberante após quarentena de renovação.
e o silêncio nos salve...
lindo dira!!
do tipo que dá vontade de ler e reler e reler...
bjs!
Obrigada, Júlia querida.
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